quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Temple Grandin – o mundo precisa de todos os tipos de mente
Temple Grandin nasceu Boston em 1947 e até os três anos de idade só comunicava por intermédio de gritos, assobios e murmúrios de boca fechada.
Nessa altura os médicos diagnosticaram-lhe autismo, contudo a sua mãe, já desde os seis meses de idade, tinha percebido que esta filha era diferente das outras crianças: rejeitava o colo da mãe, ficava rígida sempre que a queriam abraçar e o olhar era vago.
Apesar de ter aprendido a falar, os comportamentos fora do comum sempre estiveram presentes durante o seu percurso escolar: batia na cabeça das outras crianças, às vezes ignorava sons altíssimos, mas reagia com violência aos estalidos de uma folha de celofane, o cheiro de uma flor recém colhida podia deixá-la descontrolada ou simplesmente refugiar-se no seu mundo interior.
Com um ensino permanente e estimulante, com a persistência e acompanhamento familiar, Temple Grandin conseguiu, em 1966, concluir a sua formação no ensino secundário em Hampshire Country School, um internato para crianças sobredotadas, em 1970 licenciar-se em Psicologia pela Faculdade Franklin Pierce, em 1975 concluir o seu mestrado em Ciência Animal pela Universidade Estatal do Arizona e em 1989 obter a sua máxima distinção, o doutoramento, também em Ciência Animal, pela Universidade de Illinois, mostrando deste modo que o mundo precisa de todos os tipos de mente.
Com base na sua experiência pessoal, Grandin defende a intervenção precoce para tratar o autismo, reforçando que os professores de apoio devem direcionar as fixações da criança com autismo, em direções frutíferas. She has described her hypersensitivity to noise and other sensory stimuli.
Para Grandin o autista é um pensador essencialmente visual, sendo as palavras a sua segunda língua. Temple attributes her success as a humane livestock facility designer to her ability to recall detail, which is a characteristic of her visual memory. Uma característica da sua memória visual é a capacidade para recordar detalhes e Temple atribui o seu sucesso como designer de gado a estas características. Em 2004 a organização PETA atribui-lhe um prémio pelo fantástico trabalho que tem realizado ao longo da sua vida com o objectivo de humanizar os currais onde se encontra o gado, bem como os matadouros.
Grandin diz que consegue pensar como uma vaca, pois consegue perceber as mudanças e os detalhes a que os animais são particularmente sensíveis. Com a sua maneira de pensar em imagens tem a capacidade de elaborar equipamentos, recintos e espaços inteligentes para manter o gado calmo e sem stress.
Grandin refere que, segundo a sua perspectiva de vida, é ético o homem alimentar-se de outros animais, contudo esses animais têm o direito de ter uma vida calma, com conforto e uma morte o mais indolor possível, pois até ao animal se tornar num bife ele é um ser vivo que merece respeito.
Na América do Norte e também na América do Sul os currais projectados por Grandin já são uma realidade.
Hoje, com 64 anos de idade, Grandin é considerada líder na defesa do bem-estar animal e na defesa de uma educação protetora das crianças autistas, sendo frequentemente convidada para fazer palestras sobre ambas as temáticas. Em 2010 viu o seu nome incluído no Time 100, lista onde anualmente são incluídas as pessoas mais influentes no mundo.
E a partir desta crónica é-nos lícito colocar a questão:
Poderá qualquer nação dar-se ao luxo de não atender às diferenças dos seus cidadãos, desprezando inteligências que no futuro farão elas a diferença?
Autistas, sobredotados, Asperger, hiperactivos, disléxicos, quem sabe o que eles poderão trazer de novo para a humanidade.
Por Margarida Martins (Presidente da Assembleia-geral da Associação Juvenil Odisseia)
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